Ocaso
Talvez minhas palavras fáceis te trazem pra perto e te levam pra longe de mim,
No mesmo passo.
A verdade transparece em carne, osso e cansaço.
Eu não esqueço
A cor do teu olho quando pudemos nos ver com saudade de novo.
Mas sem dizer nem metade
do que cabia no meu castigo.
Muito em mim ama ser abrigo
E ao mesmo tempo correr este grande perigo
De ser tudo e nada menos
De ser nada e ter tudo
Tudo menos.
E aí eu fiquei com o tempo,
Fui cuidando e ainda cuido dos momentos,
Concentrando em não falar de ti
Mas falhando a cada silêncio.
Concentrando em não pensar em ti,
Mas caindo em cada contento que tivemos.
Me convenci
Que pode ser que falar seja realmente um limite,
E ainda que meu oco grite,
Improvável,
Irrecuperável,
Eu me vejo como um abutre,
Rondando sempre que a sorte surge,
Querendo mais do que se pode pedir.
Conservando sem medir.
Basta
Não precisa de tanto vazio
Termina logo teu dia comigo.
Por que brincar de corrermos em círculos,
Se a gente poderia era fazer tudo outra vez
Até outras seis?
Ninguém aqui é mais que forte,
Não é estranho o teu toque,
Não é mais necessário brincar com a sorte,
Se já temos aqui, agora, a nossa vez.