Não sei cantar
Eu queria poder dizer que te quero, mas quanto mais eu quero, menos eu consigo
menos eu posso, menos eu devo
E quanto menos eu consigo dizer que te quero enquanto ser e estar,
mais eu quero dizê-lo
se não, gritá-lo
por toda vez que te topar por aí.
Teus símbolos
as risadas estranhas, as vezes mudas,
Escondem mais do que falam
e ainda assim, dizem imensamente de algo denso
Como só filho do tempo pode se formar.
Tão denso, as vezes é difícil lidar
pesa bem no dia a dia,
quando procuro e nada chia
a voz oculta de quem não pode nunca deixar cair o que está no ar
Fica no ar assim, também, pairando em toda gente
A gente segura,
em todo encanto que a gente sente,
quando a chuva começa a cantar.
Eu não conto com tua presença,
Que de vez em quando cessa,
mas nem é preciso procurar.
Talvez um dia a gente se despeça,
Mas mesmo que sem muita pressa,
Espero não ser antes de uma constatação.
E de antemão, aproveito de bom grado o desafio
De afogar isso no rio, de banhar-me em solidão.
Confesso que me exponho ao incerto.
O certo,
é que eu guardo ainda um bom afeto
Cuja a natureza eu nem me preocupo mais em precisar.