Água
Quando eu tirei meu olho do teu
A rua molhada,
Caiu foi água!
E eu nadando em ti.
E mesmo assim, nada.
E eu olhando pra tua cara,
Enquanto tu olhava pra mim.
O tempo passou corrido,
Enquanto eu enrolava a alça do vestido
Tentando me fazer acordar disso.
Tanto sorriso,
Que o vento ficou liso,
E não avisou que o que foi, já tinha ido.
Eu te coloquei ao relento
Dentro do pensamento
Te expus à essência,
Perto demais do osso,
Enquanto o tempo passava e eu não via,
Enquanto eu nadava e chovia,
Pregada no teu jeito de levar.
Deus abençoou esse ritmo,
E fez de mim atrito.
Enquanto eu tentava te encontrar,
O tempo sambou em mim na tua presença
E quanto mais custa a sentença,
Mais eu penso em desaguar.
Se fosse o tempo eu me jogava,
Pedia pra você olhar na cara,
E buscar a rara coragem de nadar
A rara voz que cala, que a tua cabeça também não para
Que a vida nos destaca
E que é sob nós que ela gira feito água a desabar.
Não precisa ser pra sempre,
O de sempre, sempre deixa de ser.
Mas pode ser no fim do mundo,
Quando ainda restar um segundo
E tempo nos levar do mundo,
A cada pingo de nós,
Nos inevitáveis sóis,
Impossível de se fazer voz.